Hoje um amigo
me falou que na casa dos seus sogros onde ele está momentaneamente
residindo existe um sofá . Um sofá muito bonito mas que ninguém pode sentar. O
móvel, disse ele, está na sala apenas para decorar. É uma sala bem apresentada mas, como no sofá
ninguém senta, deve ser um local de passagem, onde ninguém conversa ou
interage. Assim acontece com tantos outros objetos que acumulamos com o tempo
e perdem sua utilidade quando apenas os guardamos para fazê-los durar mais do
que o próprio comprador dos objetos. E aí está uma pequena contradição do
cotidiano. Compramos móveis e objetos
variados, cuidamos, zelamos, passamos
horas trabalhando para poder pagá-los e às vezes sequer os usamos. Porém, o
paradoxo ,de fato, se revela nessa dicotomia entre a suposta perenidade que atribuímos aos objetos e nossa efêmera vida na Terra. Damos tanta importância ao cuidado para com um
sofá que esquecemos de quem irá sentar nele. E assim, passamos a observar se o
sofá tem poeira e não ligamos se quem se sentou ali estava confortável. Vemos se o sofá está
com algum pelo mas não se a pessoa que se acomodou ali passou momentos felizes
ao nosso lado. Procuramos sujeira onde não
existe mas não damos importância a quem chegou cansado e quis apenas relaxar
por uns minutos. Pelo contrário questionamos se seus pés estavam sujos ao
invés de perguntar se seu coração estava leve.