sexta-feira, 6 de agosto de 2021

 


O  Sofá

Hoje um amigo me falou que na casa dos seus sogros onde ele está momentaneamente residindo existe um sofá . Um sofá muito bonito mas que ninguém pode sentar. O móvel, disse ele, está na sala apenas para decorar.  É uma sala bem apresentada mas, como no sofá ninguém senta, deve ser um local de passagem, onde ninguém conversa ou interage. Assim acontece com tantos outros objetos que acumulamos com o tempo e perdem sua utilidade quando apenas os guardamos para fazê-los durar mais do que o próprio comprador dos objetos. E aí está uma pequena contradição do cotidiano. Compramos móveis e objetos variados, cuidamos, zelamos,  passamos horas trabalhando para poder pagá-los e às vezes sequer os usamos. Porém, o paradoxo ,de fato, se revela nessa dicotomia entre a suposta perenidade que atribuímos aos objetos e nossa efêmera vida na Terra. Damos tanta importância ao cuidado para com um sofá que esquecemos de quem irá sentar nele. E assim, passamos a observar se o sofá tem poeira e não ligamos se quem se sentou  ali estava confortável. Vemos se o sofá está com algum pelo mas não se a pessoa que se acomodou ali passou momentos felizes ao nosso lado. Procuramos sujeira onde não existe mas não damos importância a quem chegou cansado e quis apenas relaxar por uns minutos. Pelo contrário questionamos se seus pés estavam sujos ao invés de perguntar se seu coração estava leve.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Sobre o Mantra da Plenitude

        Hoje comecei uma turma nova de Yoga. E no início de qualquer novo grupo costumo contextualizar brevemente o Yoga e a prática que ire...